Mulheres Pioneiras na História

ANTONIETA DE BARROS

Nascida em Florianópolis, Santa Catarina, em 11 de julho de 1901, Antonieta de Barros foi precursora da luta de políticos afrodescendentes no Parlamento brasileiro e contribuiu para as discussões sobre a participação da mulher em um espaço eminentemente masculino. […] Filha de uma lavadeira e órfã de pai, ela teve uma infância muito pobre, mas conseguiu ingressar, aos 17 anos, na Escola Normal Catarinense, formando-se, em 1921, professora de Português e Literatura – um dos poucos cursos que permitiam o ingresso feminino e que possibilitavam às mulheres circularem no espaço público de forma socialmente aceita. Um ano após a sua formatura, fundou o “Curso Particular Antonieta de Barros”, voltado para a alfabetização da população carente, visto que entendia que o analfabetismo impedia “gente de ser gente”. Nos textos produzidos por Antonieta, tanto para o jornal “A Semana”, o qual fundou e dirigiu, como para a revista quinzenal “Vida Ilhoa”, na qual foi diretora, percebe-se seu idealismo representado na convicção de que o mundo poderia se regenerar por meio da educação formal […]. Por acreditar nisso, seguiu lecionando, escrevendo, participando de associações, opinando. […] Em 1934, envolveu-se nos debates sobre direitos civis, sociais e políticos, defendendo, particularmente, o direito das mulheres ao voto.

Foi eleita, então, pelo Partido Liberal Catarinense (PLC), como a primeira deputada negra do Estado de Santa Catarina. […] Maria da Ilha (pseudônimo que usava em suas crônicas) sabia que o afastamento da mulher no âmbito político não representava um fato “natural”, como grande parcela das mulheres acreditava, e sim se devia a fatores culturais como o machismo presente na sociedade.

Antonieta de Barros, portanto, mulher negra e pobre, conseguiu, em uma sociedade machista, racista e burguesa, ser protagonista de sua vida, iniciando, em seu estado, uma necessária mudança na política e na sociedade ao conseguir manter-se na condição de educadora respeitada e, também, ser eleita como representante política da população. 

[Texto: Gisele Falcari para @afreaka]

[Arte: @arte_de_maria]

MARIA FELIPA DE OLIVEIRA

“Descendente de africanos sudaneses, Maria Felipa nasceu em Itaparica e fez história por sua grande coragem nos combates travados contra os portugueses. Conta-se que a baiana, praticante da capoeira, era extremamente atraente e de porte físico de chamar a atenção. Muito querida na ilha, ganhava a vida vendendo marisco. Sua participação na luta pela independência da Bahia foi bastante ativa, não se limitando a discursos inflamados, suas armas, no entanto, foram a inteligência, a coragem e a solidariedade.

Maria Felipa atuou na guerra como enfermeira e como uma eficiente informante, mas ganhou fama no episódio em que liderou um grupo de 40 outras corajosas mulheres contra soldados portugueses. Segundo historiadores, elas avistaram a esquadra de 42 embarcações lusitanas ancoradas nas imediações da Ilha de Itaparica aguardando a ordem para invadir Salvador e reprimir as ações pela independência baiana.

Algumas dessas guerreiras baianas, então, se aproximaram dos dois vigias da esquadra – Araújo Mendes e Guimarães das Uvas – e dotadas de encantos, os seduziram. Certos de que teriam alguns momentos de prazer, eles as levaram para um local mais distante e baixaram a guarda. Já nus, foram surpreendidos com uma surra de galhos de cansanção (planta que provoca uma grande sensação de queimadura ao tocar a pele). Logo após renderem os guardas, o grupo de mulheres lideradas por Maria Felipa ateou fogo em todas as embarcações portuguesas, o que enfraqueceu consideravelmente as tropas e as pretensões portuguesas de invadir Itaparica.” .

Texto: Ubiratan Castro de Araújo para a @revistaraca

Imagem: autoria não identificada .

DANDARA


“Uma guerreira negra que aprendeu a fabricar espadas e a lutar com elas; uma capoeirista forte e corajosa que planejava ações de combate e liderava seus companheiros na luta pela liberdade – assim sobrevive em relatos e lendas populares a história de Dandara, rainha do Quilombo dos Palmares e companheira de Zumbi. Não se sabe ao certo onde ela nasceu e como chegou ao maior e mais duradouro quilombo implantado nas Américas. Independente da falta de registros oficiais de sua existência, uma coisa é certa: quando se fala em Dandara, se coloca em questão o silêncio e o apagamento imposto às mulheres negras no Brasil.” .

(📖Trecho do livro “Extraordinárias: Mulheres que revolucionaram o Brasil”, de @aryanecararo e @duda_portodesouza)

🎨 Arte de @arte.de.maria .

AMÉLIA EARHART 

Tornou-se um grande símbolo da aviação ao sobrevoar o Oceano Atlântico sozinha em sua aeronave durante o século XX. Além de ter sido a primeira mulher a atravessar o atlântico como piloto, Amelia também foi a primeira a receber a Cruz de Voo Distinto – uma condecoração militar atribuída a atos de heroísmo ou conquista extraordinária concedida a pilotos das Forças Aéreas dos EUA.

Seu sucesso e sua paixão pelos ares a levou a querer alçar grandes voos, criando uma expectativa de alcançar a marca de se tornar a primeira mulher a dar a volta ao mundo como piloto. Além disso, ao fomentar com que outras mulheres passassem a se interessar pela aviação, Amelia decidiu fundar a Ninety-Nines, uma organização voltada à formação de aviadoras que buscava oferecer tutorias e rodas de apoio para mulheres que queriam utilizar a aviação como meio recreativo ou profissional.

Em 1937 a piloto desapareceu no Oceano Pacífico enquanto fazia a sua segunda tentativa de dar a volta ao mundo em um só voo.

CHIQUINHA GONZAGA

Francisca Edwiges Neves Gonzaga nasceu no Rio de Janeiro, em 17 de outubro de 1847. Mais conhecida como Chiquinha Gonzaga, a jovem pianista tornou-se ativista ao lutar pelo direito de se tornar a primeira maestra mulher do país.

No século XIX, no Brasil tornou inédito o fato de uma mulher querer se profissionalizar no mundo da música e por esse motivo seu nome esteve envolvido em alguns escândalos da imprensa, como a utilização de suas obras sem a sua permissão e o fato dos jornalistas não saberem como lidar com a criação do termo “maestra” para fazerem referência à sua profissão. pela liberdade – assim sobrevive em relatos e lendas populares a história de Dandara, rainha do Quilombo dos Palmares e companheira de Zumbi. Não se sabe ao certo onde ela nasceu e como chegou ao maior e mais duradouro quilombo implantado nas Américas. Independente da falta de registros oficiais de sua existência, uma coisa é certa: quando se fala em Dandara, se coloca em questão o silêncio e o apagamento imposto às mulheres negras no Brasil.” .

RODA PARKS

Ativista política norte-americana, Rosa foi um importante símbolo na busca por equidade de direitos civis do movimento negro nos Estados Unidos.

Sua história ganhou visibilidade em um movimento chamado de “ocorrido do ônibus”, no qual Rosa foi presa por não se levantar do seu assento quando o motorista do ônibus solicitou que ela cedesse o lugar para três pessoas brancas.

Ao se recusar a policia foi acionada e Rosa foi presa por descumprir as leis de segregação racial de Cleveland. Daí em diante, a ativista esteve ao lado de Martin Luther King na luta contra a segregação racial no país, ambos tornaram-se figuras históricas para o movimento afro-americano.

BERTHA LUTZ

Bertha, criadora da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), foi uma das principais figuras feministas a dar voz ao movimento no Brasil, enviando cartas e publicando artigos a fim de trazer mais parlamentares homens para o seu lado nessa luta.

A instituição do direito ao voto feminino teve seu início em 03 de novembro de 1930, e se concretizou de fato em fevereiro de 1932, após o decreto do presidente Getúlio Vargas.

IRENICE RODRIGUES

Uma lenda no atletismo e referência internacional no salto em altura, Irenice Maria Rodrigues veio ao mundo em Itabirito, Minas Gerais e é lá onde vivem até hoje alguns de seus familiares. Foi recordista brasileira dos 400 metros rasos e sul-americana dos 800 metros – prova que era vista como imprópria para mulheres, devido à sua elevada exigência física. 😲

Além de um desempenho brilhante nas pistas, Irenice foi aquela mulher que não baixou a cabeça para clubes racistas nem para o Estado em plena ditadura! Dentre outros feitos, até uma greve de atletas no começo do período mais duro da repressão, em 1967, ela puxou! 🔥

A jornalista e escritora @elialvescruz tem um artigo muito importante sobre Irenice. Quem tiver interesse, pode me deixar um inbox que eu envio com o maior prazer. 📝

Queria pedir só uma coisa: compartilhem este post, compartilhem um conteúdo antirracista. Se depender de mim, Irenice Rodrigues jamais será esquecida. ✊🏽

NISE DA SILVEIRA

Foi uma médica psiquiatra que revolucionou o tratamento de transtornos mentais no Brasil, utilizando a arte como terapia ocupacional.

Foi um ícone da luta antimanicomial, reconhecida internacionalmente.

GRAZIELA MACIEL BARROSO

Botânica, tornou-se a maior taxonomista de plantas do Brasil.

Escreveu inúmeras obras, que se tornaram referência internacional na sua área de pesquisa.

Mais de 25 espécies vegetais foram batizadas com seu nome, em reconhecimento à sua contribuição para a ciência.

ENEDINA ALVES MARQUES

Graduou-se em Engenharia Civil no ano de1945, pela Universidade Federal do Paraná. Foi a primeira mulher a se formar em engenharia no Estado e a primeira engenheira negra do Brasil.


Dentre muitos projetos relevantes, atuou no Plano Hidrelétrico do Paraná e na construção da Usina Capivari-Cachoeira.